Como identificar os sobredotados
A criança sobredotada é de tal modo multifacetada que se torna difícil indicar meia dúzia de características que sirvam para elaborar um estereótipo. Normalmente o que mais chama a atenção dos pais, e que eles indicam, é o facto de terem uma excelente memória desde muito cedo.
Memorizam situações com a mesma facilidade com que reconhecem objectos através dos pormenores mais ínfimos. Por vezes é uma curiosidade excessiva que "cansa". Outras ainda é uma actividade que realizam melhor do que os colegas da mesma idade, por vezes uma especial tendência para o desenho, para a música, teatro ou desporto. Há ainda aquelas crianças que surpreendem pela observação pertinente, sagaz e "adulta". E as que se interessam exaustivamente por um determinado assunto (animais, os problemas do mundo, o transcendente) que lêem tudo, incluindo enciclopédias.
Sendo tão heterogéneas, torna-se interessante a descoberta das suas múltiplas capacidades. É evidente que um sobredotado vai encontrar muitas dificuldades na sua vivência porque "ser diferente" dói numa sociedade que privilegia a massificação e que rejeita a diferença.
A sobredotação, portanto, pode detectar-se nas manifestações exteriores dos comportamentos e atitudes dos indivíduos.
*
A identificação de sobredotado requer hoje em dia um recurso a tantas fontes de informação quantas as possíveis.
*
A identificação pelos professores carece de um conhecimento prévio do que sobredotação implica, exige uma prévia e adequada formação sobre a problemática da sobredotação.
*
Não havendo o identificador ideal, melhor será entrar em linha de conta com todas as fontes de informação disponíveis e analisar cuidadosamente os dados. Esta aliás, tem sido a postura mais recente no que concerne à identificação de sobredotados. Em sistemas de ensino, como nos Estados Unidos, em que o atendimento a sobredotados está integrado no sistema regular, incluindo a formação de professores, estes podem ser mais (con)fiáveis ao reconhecer o sobredotado.
Em Portugal onde a ignorância sobre o que é ser sobredotado atinge todos os níveis, não nos parece ser conveniente uma identificação unilateral.
http://www.educ.fc.ul.pt/