O Atendimento aos Sobredotados
Os sobredotados, como todas as crianças, têm necessidade e o direito a serem tratados como seres únicos e irrepetíveis. Não têm culpa do seu ritmo ser mais rápido e de apresentarem uma realização "melhor, mais rápida e de 'funcionarem' de forma diferente" da das outras crianças. Assim como se respeitam os ritmos mais lentos, também a mesma consideração tem de ser dada aos sobredotados.
Papel da sociedade
A primeira exigência que deve ser feita é de uma melhor formação social de modo a ajudar os pais no sentido de esclarecimento profundo sobre a complexidade e a grandeza da educação de um filho(a). Perante a inexistência de "escolas para pais", frequentemente apenas o modelo baseado na própria vivência de 20 anos pode funcionar como guia. Muitos desajustamentos alicerçados na ignorância poderiam ser evitados através de uma maior sensibilização e debate sobre a temática da educação em família.
Este papel cabe naturalmente à sociedade, através de instituições estatais ou privadas, com condições reais de funcionamento, e de um modo muito especial aos orgãos de comunicação social.
Mecanismos e legislação adequada são também fundamentais. Não apenas para reconhecer situações existentes, ou para uma mera identificação de casos de per si, mas essencialmente para a prestação de um atendimento capaz e correcto a cada caso ou a casos similares em pequenos grupos. Disponibilização de recursos humanos e seriedade na execução é quanto basta para um trabalho sério.
Papel do sistema educativo
Um sistema educativo aberto à inovação e à diferença, investindo forte na contínua formação de agentes educativos de mentalidade renovada e inovadora, capazes de utilizar e acreditar em todas as suas capacidades criativas e se liderança para detectar nas crianças os seus pontos fortes e os seus pontos fracos de modo a, respeitando a individualidade de cada um, serem capazes de estimular e desenvolver potencialidades latentes ou manifestas através de um grande número possível de individuos nas suas características muitto próprias.
Papel da família
A insistência no respeito e carinho pela diferença é primordial na escola, mas sobretudo na família. Aos pais, como primeiros e principais educadores, compete amar os filhos e amar não poderá significar outra coisa senão aceitar. Aceitar, aceitar e aceitar. Sem entrar em pânico, sem criar demasiadas expectativas, sem pretender moldar rigidamente. Sem comparar. Cada indivíduo é um ser único e encontrará mais depressa o seu verdadeiro caminho se não for pressionado, se lhe for dado espaço para decidir, errar e aprender com os seus erros. Aceitar e estimular o que é positivo.
Principalmente nos sobredotados com capacidades em desequilíbrio a tentação é muito grande para se pretender que o comportamento acima da média numa determinada área seja de nível igualmente superior em todas as outras áreas.
Há necessidade de aceitar as limitações depois de as reconhecer, e tentar sempre melhorá-las. Não exigir um determinado padrão de comportamento se isso não afectar grandemente o desenvolvimento individual e colectivo.
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