Perspetiva Histórica
Ao longo da história da humanidade, é frequente observarmos que muitas condições sociais têm sido consideradas como deficientes, em função de valores e de atitudes culturais específicas.
Em algumas das sociedades, como sabemos, a criança, a mulher e o velho são vítimas de abusos de poder e de superioridade. Outras, as variadas condições e comportamentos de superioridade e de opressão são considerados "distintos" e "diferentes" da maioria.
Em muitos aspectos, a problemática da deficiência reflecte a maturidade humana e cultural de uma comunidade. Há implicitamente uma condição que está na base do julgamento que distingue entre "deficientes" e "não deficientes". Essa condição obscura, subtil e confusa, procura de alguma forma, afastar ou excluir os indesejáveis, cuja presença ofende, perturba e ameaça a ordem social.
Ao longo dos tempos, estas marcas sofreram alterações significativas.
A perspectiva da deficiência andou sempre ligada a crenças sobrenaturais, demoníacas e supersticiosas. Estes aspectos veiculam a ignorância que por sua vez gera atitudes de culpa, compaixão, desespero e indignação.
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Uma primeira e primitiva segregação foi a supressão dos que eram deficientes, em Esparta uma comissão especial "reconhecia a criança e dava-lhe ou não o direito de sobreviver conforme fosse bem ou mal configurada". Na China os surdos eram lançados ao mar e na Gália eram sacrificados a teutatis por ocasião da festa do Agárico.
Em Atenas eram abandonadas nas florestas. Na Idade Média eram frequentes os apedrejamentos ou a morte nas fogueiras da Inquisição. Já no séc. XIX e principio do séc. XX foi usada a esterilização para evitar a reprodução desses "seres imperfeitos". O mesmo aconteceu na do nazismo hitleriano onde foram eliminados cem mil anormais nas "clínicas eugénicas" numa proporção de cinquenta mulheres por cada homem. Paralelamente a estas atitudes de aniquilamento apareciam, aqui e ali, o isolamento destas pessoas em grandes asilos e atitudes dispersas de rejeição, vergonha e medo.
Com os ideais da revolução francesa as pessoas passaram a ser objecto de assistência, mas ainda não de educação, e entregues ao cuidado de organizações caritativas e religiosas.
Depois da 2ª Guerra Mundial, com a valorização dos direitos humanos, surgem conceitos de igualdade, direito à diferença, justiça social e solidariedade. Organizações como a ONU, UNESCO, a OMS, a OCDE, etc., conseguiram que os deficientes passassem a ser possuidores dos mesmos direitos e deveres de todos os outros cidadãos e entre eles o direito à participação na vida social e a sua consequente integração escolar e profissional.