Birras
Como lidar com elas
Mais frequentes no segundo ano de vida, as birras são manisfestações de oposição à autoridade dos pais.
Nesta idade, o bebé começa a formar a sua personalidade e a tomar consciência do seu "eu". Uma criança voluntariosa, activa e cheia de energia tem mais tendência para desenvolver birras. Ela está sempre a afirmar as suas possibilidades e a atrair a atenção dos outros; gosta de entrar em competição com o irmão ou a irmã, e de imitar o pai e a mãe; quer fazer tudo o que lhe passa pela cabeça; no entanto, se uma ideia desencadeia uma acção imediata, uma oposição à acção desencadeia uma birra.
Quando adquire a marcha, o bebé torna-se cada vez mais autónomo: desloca-se, parte à descoberta do seu pequeno mundo; quer mexer em tudo e leva tudo à boca. Se a mãe não o deixa mexer em certos objectos, ele não compreende e não aceita a proibição, tanto mais que ela, o pai e até o irmão mais velho podem mexer neles.
É portanto do confronto que surge a birra, por vezes bastante violenta e impressionante, consequência do choque entre duas vontades, a dos pais e a do bebé, ainda em formação. A birra é também uma forma de a criança tentar obter o que deseja, principalmente em público (no meio de uma loja, na rua, etc).
Factores que alimentam as birras
- Carácter demasiado rígido dos pais, que multiplicam as proibições e, portanto, as ocasiões de confronto: um bebé de 2 anos não tem, obrigatoriamente, as mesmas noções de higiene que a mãe!
- Exigências e expectativas demasiado altas em relação a crianças tão pequenas: os Mozart não abundam, nem os engenheiros com 3 anos.
Falta de disciplina, superprotecção cedência a todas as vontades da criança, que não fica preparada para aceitar um "não": quando, mais cedo ou mais tarde, ela ultrapassar os limites fixados pelos pais, o confronto vai ser forte, e a birra violenta.
- Cedência sistemática dos pais: quando a criança obtém sempre tudo o que quer através de uma birra, está, objectivamente, a ser encorajada a perpetrar esse padrão de comportamento.
- Contradição parental: quando o pai diz uma coisa e a mãe outra, a criança fica desorientada, pois tem necessidade de referências e de regras fixas. Uma ameaça solene de castigo de um dos pais deve ser cumprida, caso contrário, a sua autoridade será fortemente posta em causa.
- Nervosismo, fadiga e ansiedade dos pais, que acabam por ficar sem paciência para os filhos: a mais pequena birra vai então desencadear uma repressão que alimentará um círculo vicioso de mau relacionamento. Uma vez que o estado de espírito dos pais influencia o comportamento da criança, as birras são tanto mais raras quanto mais sensatos, pacientes e compreensivos eles forem.
Fazer e não fazer
- Consulte o médico para despistar uma possível causa física para a ocorrência das birras. Uma doença crónica, por exemplo, pode cansar a criança e deixá-la permanentemente de mau humor.
- Não julgue que o seu bebé é problemático só porque faz birras: isso é perfeitamente normal nesta fase.
Procure manter a calma e não se zangue: responder agressivamente a um comportamento hostil só vai piorar a situação. O melhor remédio é mostrar indiferença à birra, deixando, se possível, o bebé sozinho (mas mantendo a vigilância) — uma birra sem espectador não tem interesse nenhum. Assim que ele se acalmar, deve consolá-lo e dar-lhe mimos, sem lhe dar guloseimas ou qualquer outra recompensa.
Experimente limitar o espaço de exploração e esconder os objectos potencialmente perigosos, a fim de evitar estar constantemente a dizer "não" ao bebé, o qual não compreende ainda o porquê de todos esses tabus. Reduza as proibições a duas ou três por dia, para que ele possa interiorizá-las melhor. Quando ele estiver quase a fazer um "disparate", é preferível distraído do que lhe dizer "não".
Ajude o bebé a executar uma ordem que lhe tenha dado
Evite fazer-se entender através de castigos físicos: nesta idade, um açoite não é uma resposta satisfatória. Se lhe acontecer dar uma palma¬da, não se culpabilize; no entanto, após a crise, explique o seu gesto à criança: "Desculpa, mas a mamã estava farta."
Reduza as oportunidades de contestação: reserve espaços de brincadeira onde o bebé possa fazer a desordem que quiser ; deixe-o sujar-se e comer à vontade colocando uma protecção debaixo da sua cadeira; forre a mesa de papel e deixe-o rabiscar à vontade, etc.
Não tente "quebrar" a personalidade e o temperamento do bebé: ele irá precisar deles mais tarde.
Procure manter a calma e não se zangue: responder agressivamente a um comportamento hostil só vai piorar a situação. O melhor remédio é mostrar indiferença à birra, deixando, se possível, o bebé sozinho (mas mantendo a vigilância) — uma birra sem espectador não tem interesse nenhum. Assim que ele se acalmar, deve consolá-lo e dar-lhe mimos, sem lhe dar guloseimas ou qualquer outra recompensa.
Reduza as oportunidades de contestação: reserve espaços de brincadeira onde o bebé possa fazer a desordem que quiser; deixe-o sujar-se e comer à vontade colocando uma protecção debaixo da sua cadeira; forre a mesa de papel e deixe-o rabiscar à vontade, etc.
Não tente "quebrar" a personalidade e o temperamento do bebé: ele irá precisar deles mais tarde.
Decida o que fazer e não esteja sempre a pedir a opinião a uma criança de 15 meses. Diga-lhe "Anda, vamos passear", e não "Queres vir passear com a mamã querida para ela ficar contente, meu torrão de açúcar?".
A obediência e a disciplina são necessárias, mas devem ser impostas dentro de limites razoáveis.
Os pais devem definir juntos os limites da criança e uma linha de conduta a seguir pelos dois, caso contrário, o bebé fica sem pontos de referência. Se o círculo vicioso de birra repressão birra já está instalado, uma pequena separação entre pais e filhos pode ser uma boa estratégia para recomeçar um novo ciclo, com bases mais saudáveis.
Antes de iniciar uma crise, questione-se a si próprio, por exemplo: E preferível deixar o bebé comer sozinho com a colher ou ter uma mesa limpa? Se uma proibição desencadear uma birra, mostre ao seu filho que compreende os seus motivos - ele não ficará com a sensação de ser incompreendido -, mas que é você quem decide.
(Com a colaboração do autor / livro - Homeopatia prática para bebés e Crianças – Arte Plural, Edições)