O que é:
Apesar de o tratamento adequado e atempado poder trazer benefícios à criança, prevenindo mesmo o sofrimento no futuro, o "fazer chichi na cama" (tecnicamente designado enurese noturna), muitas vezes não referido pelos pais nas consultas de rotina. Existem vários tratamentos e terapias e o problema pode até desaparecer com o crescimento.
A enurese noturna é definida como a micção involuntária (enquanto a criança dorme), verificada após os cinco anos de idade. Importa lembrar que o desenvolvimento neuromuscular que possibilita o controle da micção ocorre cerca dos quatro ou cinco anos e que as várias etapas do crescimento variam entre os indivíduos. Mais comum nos rapazes, este problema pode ter causas orgânicas devido à pequena dimensão e imaturidade da bexiga, a infecções urinárias, ou uma irritação da bexiga causada por alergias ou sensibilidade a determinados alimentos. A deficiência na produção da hormona vasopressina é a causa mais frequente. Esta hormona antidiurética regula a produção de urina, fazendo com que a sua produção seja menor no período noturno.
Mas o medo, a ansiedade e o stress podem também originar a regressão a um padrão comportamental anterior. Normalmente, quando a causa da enurese está relacionada com o stress, o problema é temporário. Pode surgir, por exemplo, aquando do nascimento de um novo membro na família, com a mudança de casa ou a separação dos pais.
Salienta-se ainda o papel da herditariedade. O índice ocorrência de enurese noturna é de 44% se um dos pais tiver sofrido desta disfunção e de 77% se tiver afetado ambos os pais.
A sociabilização da criança e a sua auto-estima podem ser influenciadas negativamente: ao pensar que é a única com este problema, pode sentir-se diminuída em relação às outras crianças. O dormir fora de casa (exemplo: numa visita de estudo organizada pela escola ou em casa de um familiar próximo) pode apresentar-se como uma situação problemática e constrangedora para a criança.
O que se deve fazer:
Comecemos pela alimentação, pois:
- a diminuição da ingestão de chá, café e de bebidas com gás (que aumentam a produção de urina);
- o consumo de alimentos contendo bastante açúcar à noite;
- o aumento do consumo de líquidos de forma regular durante o dia;
são hábitos que ajudam a combater este problema.
Quanto às alergias, se houver reação a alimentos como o trigo, leite, laticínios e citrinos, a sua eliminação da dieta pode ser importante. É também benéfico estabelecer uma rotina que permita esvaziar o mais possível a bexiga antes da hora de deitar.
Em reuniões com um especialista, a família pode compreender e discutir o problema auxiliando a criança, que por sua vez, é ajudada a tomar consciência das suas rotinas e responsabilidades.
A prática mais imediata e eficaz é colocar uma coberta impermeável, que isole o colchão do lençol.
Um método mais complicado será a colocação de um discreto alarme na cama que é acionado quando a urina entra em contacto com a coberta. Pretende-se que ao fim de algum tempo a criança acorde por si só quando sentir a bexiga cheia. No entanto, este método poderá, ao culpabilizar a criança, tornar-se contraproducente.
Em relação aos medicamentos, obtêm-se resultados satisfatórios com a administração, sob prescrição médica, de desmopressina, um análogo da hormona antidiurética com menor capacidade pressora. Com uma ação prolongada aumenta a concentração de urina e reduz o volume urinário.
São várias as soluções para enurese noturna da criança. Ao longo do seu desenvolvimento, é natural que períodos de sono tranquilo sejam intercalados com outros de regressão ao padrão comportamental anterior. Mas, mais que tudo, a criança nunca deve ser penalizada, castigada ou punida.
Bibliografia:
Saúde Informações
INFARMED